Barcelona recebe todos os anos milhares de turistas, de todas partes do mundo buscando por praia, arquitetura, culinária, diversão, esportes, e não é à toa! É possível ter contato com tudo isso em Barcelona.
Há menos de um mês viemos para Barcelona de mala, cuia e coragem e a cada dia que passa nos apaixonamos mais e mais pela cidade.
Logo nos nossos primeiros dias aqui decidimos fazer um Free Walking Tour (site em inglês/espanhol) que sai um pouco da rota turística que é sempre lotada de gente, foi um passeio mais alternativo. Pudemos conhecer mais sobre a história da cidade em que escolhemos ficar – eles também oferecem outros quatro tipos de rota.
Neste Walking Tour os principais temas abordados eram o grafite, maconha e prostituição.
Quer saber mais como foi? Então leia até o final para conhecer o lado B de Barcelona.
Conhecendo Barcelona Alternativa:
Grafite e arte urbana
Barcelona não é uma grande meca do grafite como é Berlim, Londres, Nova York ou mesmo São Paulo. E o motivo não é falta de artistas.
Em Barcelona é proibido pintar muros. A pessoa que for pega fazendo isso pode pagar uma multa bem salgada, chegando até 1.500 euros. Por este motivo, os artistas precisaram explorar outras técnicas de arte e implementa-las ao meio urbano.
Muitos deles produzem suas obras em suas casas ou estúdios e depois vão até rua somente para colar ou pregá-las nas paredes.
Algumas das técnicas usadas são: estêncil, adesivo, lambe-lambe, madeira talhada, isopor, latas e até cerâmica. Dessa forma, uma vez na rua, o tempo que levam para aplicar a arte é muito menor, reduzindo as chances de alguém ver.
É possível ver, discretamente, algumas dessas obras andando pelas ruas de Barcelona, principalmente pelo bairro do Raval.
Vale lembrar que a lei proíbe as paredes, mas não as portas, então é possível ver portas grafitadas pela cidade. Por vezes, os próprios donos permitem que artistas façam sua arte. Nestas portas, algumas técnicas comuns permanecem, como as tags.
Achamos bem interessante a arte aplicada nestes novos formatos. Deu um toque sutil, mas que continua transmitindo sua mensagem e, como admiradores de arte, valorizamos o trabalho a mais que estes artistas se dedicam para colocar suas artes nas ruas, sem quebrar as leis.
Mesmo sendo proibido em Barcelona há alguns muros grafitados como um muro no bairro El Raval feito em protesto à morte de Juan Andrés Benitez (imagem acima) que foi brutalmente assassinado por policiais na mesma rua em que se encontra o muro. O caso chamou bastante da população e imprensa espanhola, se você quiser saber mais sobre o caso, acompanhe este site (em inglês/espanhol).
Outro mural que pode ser visto logo ao lado do CCCB (Centre de Cultura Contèmporanea de Barcelona) é a réplica de um mural feito pelo artista Keith Haring com o propósito de conscientizar as pessoas para o controle da AIDS. É uma réplica pois o local original foi demolido para novas construções e, devido a sua história, quiseram manter a obra exposta. Dá uma olhada neste vídeo aqui em baixo para ver a pintura do mural original sendo executada.
El Raval
O Raval é um bairro daqueles que, de duas uma: ou você gosta muito ou detesta. É 8 ou 80.
O bairro está na região central de Barcelona, um lugar que antigamente era conhecido como Barrio Chino, não por ter só chineses, mas muitos imigrantes, de todos os cantos.
Andar pelo Raval é uma experiência interessante, há muitos comércios e restaurantes paquistaneses e indianos. É como se dentro de Barcelona existisse uma outra cidade, com pessoas e costumes diferentes, com seus próprios idiomas e jeito de ser.
Ainda no Raval é possível encontrar a livraria anarquista Roc de Foc. Em sua fachada há muitas réplicas de propagandas de guerra. Se você gosta de história, vale a visita.
O bairro também é conhecido por ser antigamente a região de muitos prostíbulos, devido à proximidade do porto de Barcelona, o maior da Europa. O trânsito de marinheiros era intenso e acabou fortalecendo o mercado, que hoje não existe da mesma forma, mas ainda pode-se encontrar uma ou outra casa.
Las Ramblas
Las Ramblas é uma das ruas mais conhecidas e importantes de Barcelona. Começa na Praça Catalunha e acaba no mar.
Conta com muitas atrações espalhadas pela rua, o que a torna em um grande atrativo para os turistas que vão e vem o dia inteiro.
O sol se põe e Las Ramblas se transforma em local de trabalho para prostitutas, muitos imigrantes vendendo bolsas de marcas famosas falsificadas como Chanel e Louis Vuitton, pessoas vendendo bebida alcoólica e até mesmo drogas.
Na Espanha é proibido o consumo de bebida alcoólica nas ruas, em parques ou lugares públicos.
Mas ainda assim, não se torna uma região perigosa. Claro que atenção nunca é demais, principalmente com a carteira e bolsa, mas se estiver hospedado na região, não precisa evitar o passeio noturno por causa disso.
Maconha
Há quem chame Barcelona de “Nova Amsterdã”, mas não é bem por aí.
Quando andamos pela rua é comum sentir o cheiro da maconha, apesar de não ser permitido fumar na rua.
O consumo da cannabis na Espanha é permitido em locais privados. Cada pessoa tem direito a ter até 2 plantas em casa, mas muitas não têm tempo e nem espaço suficiente para as plantinhas. A solução encontrada foi criar clubes, onde os associados pagam uma anuidade para poder fazer parte e posteriormente comprar uma cota pré-definida. Estes clubes funcionam como uma forma de plantio compartilhado.
A maioria dos clubes cobram uma anuidade entre 20 e 50 euros para o cultivo da maconha e manutenção do espaço. Os clubes de cannabis não podem fazer propaganda, são extremamente discretos e você consumir a sua cota lá mesmo ou então levar para casa.
Para se associar, é necessário ter mais de 21 anos e você precisa ser convidado por algum membro. Você pode ser espanhol ou estrangeiro, mas será necessário apresentar um endereço residencial, pois não aceitam endereços de hotéis ou hostels.
Para os que optam por levar para casa, sempre são lembrados que, além de não ser permitido fumar na rua, transportar grandes quantidades é um risco, caso seja parado pela polícia (não vai preso, mas pode ter dor de cabeça e perder o que está transportando).
Após a apresentação e inscrição para entrar na sociedade, a primeira cota é liberada apenas após 15 dias. Os clubes fazem isso como forma de inibir o “turismo cannabico”. O objetivo não é que as pessoas venham para Barcelona procurando maconha, mas que esteja disponível de forma legal e de qualidade para os que aqui vivem.
É bem diferente dos Coffee Shops em Amsterdã, onde é possível comprar com bastante facilidade. Na verdade, existe até uma certa burocracia, eles costumam dizer inclusive que é deselegante dizer que você vai comprar maconha em um clube como se fosse um coffee shop.
Os clubes costumam oferecer atividades para seus associados, mais do que unicamente a venda da maconha. Alguns oferecem jogos de tabuleiro, outros têm ambientes para trabalhar, outros ainda TV’s para ver jogos de futebol, mesas de sinuca e por aí vai.
Toda cidade tem um lado B, e o de Barcelona é muito interessante! O legal é que tudo isso descobrimos por meio de um Free Walking Tour. Se não fosse isso levaríamos mais tempo ou sequer descobriríamos o porquê de tanta coisa que vemos no nosso dia a dia, como os grafites, por exemplo.
Se na cidade que você for visitar tiver esse tipo de passeio, faça! Nós já fizemos muitas vezes e nunca nos arrependemos. 🙂
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