Que tal viajar, não pagar acomodação e ainda conhecer gente do mundo todo? Foi esse meu objetivo quando decidi arriscar minha primeira viagem pelo Worldpackers.

Me mudei para a Europa em Maio de 2015. Depois de um tour com a Ju, fiz uma pausa na Itália para reconhecer minha cidadania.

Durante o tempo de espera até o processo ser finalizado, tomei conhecimento por meio de uma indicação sobre o Worldpackers. Se você, assim como eu na época, não sabe o que é, eu explico.

Worldpackers é uma plataforma que conecta você com hostels espalhados por todo o mundo. Com um simples objetivo: permitir que você viaje trabalhando em troca de acomodação.

Mas Gabriel, trabalhar?

Sim, mas são trabalhos leves e os benefícios são muitos. Vou falar em mais detalhes daqui a pouco.

A minha jornada como Worldpacker foi assim:

Julho/15Funk Lounge Hostel –  Zagreb, Croácia;
Agosto/15Hostel One Prague – Praga, República Tcheca;
Setembro/15Ciao Budapest Hostel – Budapeste, Hungria;
Dezembro/151861 Châtel Hostel – Châtel, França.

Em cada um dos lugares, passei entre duas semanas e um mês.
Todos lugares proporcionaram excelentes experiências, cada uma do seu jeito.

Quanto eu economizei?

Se todo esse período que fiquei nos hostels, ficasse pagando, teria gasto aproximadamente € 1600 – quase R$ 7mil na cotação de hoje, mar/15 – , somente com acomodação, sem contar o que economizei de refeições e outros benefícios.

Isso sem falar que, em Châtel por exemplo, eu tinha um quarto só para mim. O cálculo de gasto fiz com base no quarto mais econômico. Se fosse analisar em condições equivalentes, esse valor que passei mal pagaria minha estadia em Châtel. Seria um valor absurdamente mais alto.

Zagreb

Zagreb

Pude conhecer figuras marcantes. Falei de alguns deles no post onde conto minha experiência sobre viajar sozinho.

Ofereciam três refeições por dia e lavanderia de graça. Só pagava minhas bebidas.

Num calor de 38°, minha primeira experiência começou exigindo bastante preparo físico.
Trocava roupa de cama, limpava o chão dos quartos e áreas comuns e tirava o lixo.

O hostel é bem grande, tem algumas redes para descansar, uma área externa com mesas e um bar logo ao lado.

O único problema que tive, é que por uma falha de comunicação prévia (marinheiro de primeira viagem), não negociamos os dias de folga, então acabei trabalhando todos os dias durante duas semanas.

Praga

Praga

Um dos hostels mais irados que já fiquei, com uma atmosfera incrível.

Proporcionávamos atividades diferentes todos os dias para os hóspedes, de passeios pela cidade até churrasco.

Jantar grátis para todos, sala de TV, um quintal gigante, um bar no subsolo, baladas organizadas todos os dias depois que o bar fechava… realmente uma infraestrutura e organização incrível.

Aqui, trabalhei na recepção, no bar e no controle de ruídos durante a noite.

Éramos muitos trabalhando, então muitas vezes faltava atividade. Por um lado, foi bom porque tive mais chance de conhecer a cidade e aproveitar algumas atividades. Por outro não foi tão bom porque eu queria fazer mais, mas não tive oportunidade.

Budapeste

Budapeste

Conheci pessoas incríveis de todos os cantos do mundo, sem falar nos bares de ruínas da cidade que são inesquecíveis.

O hostel era bem pequeno, com apenas dois quartos e uma cozinha. Mas éramos em 4 trabalhando, fazendo de tudo, de trocar roupa de cama até administração, então tínhamos bastante liberdade para atividades externas.

Por ser um hostel pequeno, permitiu uma proximidade maior com os hóspedes. Diversos momentos divertidos e conversas por horas.

Châtel

Châtel

Bom, o que dizer sobre a primeira experiência com neve para alguém nascido num país tropical?

Para alguns pode dar medo esse frio extremo. Para mim, sempre tinha sido um sonho.

Foi uma das experiências mais gratificantes e belas que tive. Trabalhei a maior parte do tempo trocando roupa de cama, mas tinha tempo de sobra para curtir a neve, praticar snowboard, tomar um bom vinho e praticar o meu limitadíssimo francês.

Passar as festas de final de ano ali, foi uma experiência a parte.

Onde quero chegar com tudo isso?

Bangkok

Fazer parte da família Worldpackers me proporcionou momentos inesquecíveis.
É uma forma incrivelmente fácil e benéfica de se viajar:
– Gastando pouco;
– Tendo a chance de passar mais tempo em um mesmo lugar (isso significa conhecer mais a fundo a cultura local);
– Conhecer pessoas do mundo todo;
– Conviver com mais pessoas que estão fazendo o mesmo que você;
– Abrir a cabeça para o novo, para o diferente…

Tantas outras vantagens poderia listar aqui.

Desde que decidi entrar neste mundo, muitas pessoas começaram a me questionar como funciona, o que eu fiz, como foram as experiências e afins.
Por isso, decidi compartilhar minha experiência através do Viajar com Pouco com três principais objetivos:
1- Demonstrar minha gratidão por estas experiências;
2- Recomendar que você também tenha as suas;
3- Disseminar este relato, pois quero que mais pessoas tenham a chance de passar pelo que passei.

Certo, Gabriel. Agora chega de conversa.

Como faço para entrar na família Worldpackers?

Cidade do Cabo

1- O primeiro passo é criar um perfil na página do Worldpackers. O mais completo possível. Com fotos, habilidades, descrição sobre você e afins.

2- Sempre se coloque no lugar do dono do Hostel. Quais informações seriam relevantes para a atividade a qual você está se candidatando, assim como características pessoais?

3- Peça aos amigos para que avaliem seu perfil. Além de ajudar você com o desconto na hora da aplicação, vai dar uma referência muito maior de quem é você. Isso sem falar na ajuda em fazer a comunidade Worldpackers crescer cada vez mais.

4- Seja honesto o tempo todo!

Como escolher um hostel?

Nova York

1- Tratando-se do destino, é um tanto quanto pessoal.
As vezes você já pode ter algum lugar em mente que gostaria de conhecer, isso facilita.

Em outras vezes, você não tem ideia de onde ir. Neste caso, recomendo primeiro que siga seus instintos, aquele lugar onde sentir que vai se encaixar melhor, provavelmente será sua melhor escolha.
Ao mesmo tempo, esteja sempre de mente aberta para novas possibilidades.

Agora, sabendo ou não a cidade, é sempre importante observar alguns outros detalhes:

2- Tipo de atividade. Encontre algo do seu perfil, algo que você gosta e sabe fazer. Afinal trabalhar infeliz pode estragar toda experiência.

3- Horas de trabalho/Dias de Folga. Geralmente os hostels costumam ser bem flexíveis com relação a isso, porque sabem que quem está nestas condições, precisa ter tempo para passear e conhecer a cidade. Mas é sempre bom olhar quais as condições propostas. Sempre sugerimos no máximo 30 horas semanais, com pelo menos 2 folgas por semana.

4- Benefícios extras. Provavelmente você terá algumas vantagens que não estarão descritas, como desconto em comidas e bebidas no bar, por exemplo.
Mas veja os benefícios listados, como número de refeições diárias (o legal seria de duas para mais), se oferecem lavanderia e qual tipo de quarto vai ficar. São detalhes, mas podem ser decisivos no momento da escolha.

5- Depois de analisar os 4 primeiros pontos, pegue a lista dos hostels que se interessou e mande mensagem, buscando se aproximar do gerente e para sanar possíveis dúvidas.

Assuntos a serem negociados nas conversas

Florença

No primeiro contato, apresente-se, diga por que achou o hostel e a proposta interessante. Porque quer ser Worldpacker nele e porque deveriam te escolher.

Posteriormente, tire todas suas dúvidas. Algumas coisas, mesmo que descritas no anúncio, é sempre válido assegurar para evitar mal-entendido, por exemplo:
– Quais atividades vou exercer?
– Quantas horas por dia vou trabalhar?
– Quais serão os dias de folga?
– Quais benefícios terei (alimentação, lavanderia, etc.)

Alinhem todas necessidades de ambos para que estejam claros sobre as exatas condições. Tudo deve ser bem conversado com antecedência pois, caso tenha algum imprevisto, é mais uma forma de mostrar o que foi acordado.

Numa última etapa, acerte os dias de chegada e partida. Caso aconteça algum imprevisto e precise alterar alguma das datas negociadas, avise com antecedência.
O hostel está contando com sua presença e se organizando para isso. Simplesmente não aparecer ou avisar de um dia para o outro que está indo embora, pode deixá-los em apuros com as demandas de atividades.
Sem falar claro, que pode prejudicar a família Worldpackers.

Como programar a viagem:

Tokyo

Se você já está no país ao qual será Worldpacker, a programação é mais fácil.

Procure sempre com antecedência passagens aéreas, de ônibus, trem ou até mesmo carona, pois a chance de encontrar preços atrativos é maior.

Converse com o responsável do hostel, ele poderá te ajudar a encontrar alguma alternativa mais barata de transportes por já conhecer o local, seja do aeroporto até o hostel ou até mesmo de uma cidade à outra.

O que levar na mala?

Ubatuba

Isso é muito pessoal. Cada pessoa tem um padrão de viagem. Eu procuro viajar com o mínimo possível, tudo em uma mochila cargueira.
Mas também já sofri muito por peso excessivo nas costas até aprender o que é realmente necessário ou não (as vezes ainda me arrependo de uma ou outra coisa que carrego).

Mas ainda assim, seja mochila, mala ou bolsa, alguns itens são obrigatórios como:
– higiene pessoal;
– roupas;
– remédios para urgências (espero que não precise usar);
– documentos, e por ai vai.

No artigo onde recomendamos aplicativos para ter em seu celular, um deles te ajuda a criar a lista de coisas para carregar. Vale a pena conferir.

Reforçando, nunca carregue além do necessário, poderá te gerar esforço extra sem necessidade e ao mesmo tempo, ocupar espaço de algo que você poderia comprar no lugar como presente ou recordação.

Dica importante: Procure se informar na empresa de transporte à qual irá utilizar sobre limites de bagagens e peso.

Além de facilitar na triagem de itens a carregar, isso pode te ajudar a economizar.

Na Europa é muito comum as companhias aéreas de baixo custo, conhecidas como “low cost”. Estas oferecem passagens com preços abaixo da média, pois acabam ganhando em serviços extras como despacho de bagagens, escolha de assento e compras de comidas durante o voo, por exemplo. Entenda melhor em nosso artigo especial sobre este tema.

Fato marcante

O fato mais marcante que me ocorreu durante todo este tempo na Europa, que só aconteceu por estar como Worldpacker em um hostel, foi estar em Budapeste quando os imigrantes tentavam passar por lá para chegar à Alemanha.

Tive a oportunidade de ver, conversar e ajudar (mesmo que minimamente, com os recursos que tinha) aqueles milhares de imigrantes que estavam buscando uma vida melhor e mais segura para a família. Foi algo realmente comovente e que mexe com os sentimentos de qualquer um.

Uma lição de vida que jamais será esquecida.

Conclusão:


Tem coisas na vida que não adianta lermos, escutarmos, vermos (eletronicamente). Precisamos VIVER, EXPERIMENTAR e ARRISCAR. Os maiores prazeres da vida estão naqueles momentos em que você se sente realizado e eu pude obter isso com o Worldpackers, que abriu muitas portas e facilitou muito essa jornada. Quando alguém me pergunta se deve fazer e se recomendo, me faltam palavras para enfatizar na mesma intensidade que sinto, o quanto eu recomendo e desejo que todos passem por isso.

Obs.: Todas imagens usadas neste post são de lugares disponíveis pelo Worldpackers. 😉

Se você quer saber como pode fazer para ser um Worldpacker também, não deixe de conferir este link!


Escolha o hostel, compre passagem, prepare as malas e tenha experiências incríveis. O mundo é gigante e você não pode ficar parado em um só lugar!

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