No início de abril fomos para a Itália, onde passamos o mês inteirinho em uma cidadezinha em uma montanha chamada Vallarsa, lá moramos com outros brasileiros que estavam em processo de reconhecimento de cidadania. Antes de ir, não tinha ideia dos aprendizados que teria ali.
Para mim, essa experiência foi uma espécie de intercâmbio. Eu nunca havia morado fora, nunca tinha passado tanto tempo longe dos meus pais e da mordomia que tinha de ter comida na mesa no almoço, de não precisar gastar com mercado.
Vallarsa é uma cidade localizada na região do Trentino Alto-Ádige, bem no norte da Itália, quase na Áustria.
Se você nos acompanha no Instagram, deve ter visto diversas fotos de lá, que está longe de ser um lugar mega turístico. Mas é um lugar é tão lindo, tão lindo, que nunca havia visto nada igual, só em propagada na TV.
Me lembro até hoje quando nos despedimos da cidadezinha e as montanhas ao redor ainda estavam cobertas de neve.
Para ser mais precisa, morávamos em uma fração da cidade, chamada Staineri – são várias mini-cidades espalhadas pela montanha.
Dá para contar nos dedos o número de casas na fração, ao lado há uma outra fração chamada Sant’ Anna, onde pegávamos o ônibus para ir à cidade mais próxima, onde tinha o trem.
No caso, a cidade nem era tão grande assim, Rovereto tem pouco mais do que 33 mil habitantes.
Continue lendo e vamos, então para a lista: 5 maiores aprendizados depois de 1 mês morando na montanha:
1- Me adaptar de acordo com a cultura local

Em Vallarsa os mercados abrem pontualmente às 07:00, fecham 12:00 para a siesta (momento do dia para descansar ou tirar uma soneca, muito comum na Itália e Espanha), reabrem novamente às 16:00 e fecham às 19:00.
Às terças e quintas funcionam somente até às 12:00. Aos domingos e feriados nada é aberto.
Perto de nós havia só um mercado, que costumava ser nosso passeio do dia (sem exageros). Se nós precisássemos de algo nos horários em que o mercado estava fechado, nada mais havia a fazer, somente esperar abrir.
O ônibus também é bem pontual. Se você perder, pode voltar para casa para esperar ou descer a montanha a pé (mentira, isso não dá, rs).
Isso fez que com todos se adaptassem e refletissem sobre a cultura local. Nós que somos de São Paulo, achamos muito estranho tudo ter horário tão restrito, ainda mais porque o motivo para isso é tirar uma soneca. Um dos maiores aprendizados, ter que com estas restrições.
A verdade é que depois de tanto refletir, nos demos conta do quanto somos sugados todos os dias por meio de nosso trabalho.
Tivemos que nos adaptar aos horários, para não deixar de comprar comida ou algo precisávamos muito.
Os aprendizados aqui foram: importância de respeitar os horários e trabalho de cada um.
2- Cozinhar

Quando se vive em um lugar em que tudo é relativamente distante, o jeito é aprender a cozinhar!
Na Itália cozinhar significa comer MUITO BEM, a começar pelos mercados que oferecem alimentos de qualidade, desde massas, queijos, iogurtes e vinhos. Detalhe, tudo bem barato.
Na montanha desenvolvi infinitamente meus dotes culinários, aprendi a fazer compras pensando no que comer para a semana.
Lembrei que adoro cozinhar, adoro a sensação das pessoas experimentarem algo que fiz e de quebra economizamos muito dinheiro!
Como sempre recomendamos, seja antes ou durante a viagem, comer em casa ajuda muito a economizar. Nada melhor do que um aprendizado na prática. 🙂
Confira outras 7 dicas além dessa para economizar antes de embarcar.
3- Há um mundo incrível fora da internet

Cê jura? Yes!
Vallarsa é como um retiro, um lugar calmo distante do agito, confesso que senti muita falta de uma certa baguncinha no começo.
Apesar de ter Wi-Fi, senti falta do caos e de ouvir gente conversando mesmo, depois de alguns dias, chegou um casal na casa e com eles começamos a cozinhar, a jogar RPG, a curtir um som e conversar. CONVERSAR!
Eu trabalho e sempre trabalhei com internet, mas é impressionante como às vezes ela atrapalha a interatividade social.
Lá, dentre todos aprendizados, aprendi a viver com coisas que aparentemente estavam esquecidas.
4- Contemplar a natureza

Estar em contato com natureza depois de sair da selva de pedra de Sampa, foi a melhor coisa que me aconteceu.
Eu estava vindo de um período extremamente estressante de muito trabalho, insatisfeita com a minha vida em um emprego que não me trazia mais vontade de acordar cedo para fazer algo em que acreditava.
Em Vallarsa eu tive tanto contato com a natureza, como nunca tive antes… até subimos a montanha em busca simplesmente do topo dela, mesmo sabendo que poderia haver ursos perto de nós, mas tivemos um dia com muitas risadas, muitas paisagens lindas e fotos deslumbrantes.
Um domingo que era para ser entediante, foi salvo por um passeio em meio a natureza.
5- Fortalecendo Laços

Quando chegamos lá só havia uma pessoa na casa, depois de uma semana chegou mais um casal.
Quando você está, de certa forma, “ isolado do mundo” e pessoas legais aparecerem, a gente tende a se aproximar mais, afinal, moramos na mesma casa.
Foram muitos jantares, brincadeiras e viagens pelas cidades próximas. Eu imagino se a gente tivesse se conhecido em outra situação como seria, certamente muito diferente.
Momentos que vou lembrar para sempre com todo meu coração!
Ir até Vallarsa foi mais do que simples aprendizados, foi como se eu reencontrasse alguns valores em mim que ficaram escondidos no meio da pressa do dia-a-dia.
Para viver, não é necessário tanto quanto pensamos.
Texto dedicado aos nossos companheiros de casa: Flavia Bittencourt, Sergio Baldassari, Pedro Fâmea e especialmente ao Tiago Prati, que não morou com a gente, mas foi a peça chave para tudo isso acontecer.
Aliás, o Tiago para que não conhece, foi responsável pelo processo de reconhecimento da cidadania italiana do Gabi – assim como da Flavia, do Sergio, do Pedro e de tantas outras pessoas. Se você tem interesse no assunto, sempre recomendamos ele para ajudar no processo de todo mundo. Dá uma olhada no site dele aqui.
Obrigada por esses momentos, amigos!
Você já teve a oportunidade de passar um tempo na montanha? Conta pra gente como foi sua experiência.