Nice é uma cidade no sul da França, no Mar Mediterrâneo, que tem pouco mais de 340 mil habitantes (veja só, é menos que Sorocaba!) e que foi parte da Itália até 1860.

Por que eu estou falando falando isso? Porque a melhor parte de Nice, para mim, foi andar pela cidade e ver, por meio da arquitetura, como a cidade foi se transformando ao longo dos anos.

Chegamos até lá a partir de Barcelona, num vôo low-cost da Vueling, que durou pouco mais de 1 hora.

Como o objetivo das nossas férias era viajar com pouco por quatro cidades em dois países diferentes, tínhamos apenas 2 noites em Nice. Nosso itinerário foi um pouco diferente deste que eu vou contar aqui, mas eu organizei os passeios e as ideias de forma que você possa aproveitar de tudo.

Continue lendo para ver nosso roteiro de 2 dias em Nice:

Nós ficamos hospedados na pontinha da cidade velha, na Praça Garibaldi.

Dali, tínhamos fácil acesso ao tram, que cruza a praça. Estávamos a poucos metros do MAMAC (Museu de Arte Contemporânea) de Nice e a um quarteirão do Boulevard Jean Jaurés.

Assim, só de “chegar em casa”, já passamos por alguns dos principais pontos turísticos de Nice, como a Promenade des Anglais e a Promenade du Pailon.

Dia 1 em Nice

Praça Garibaldi e feirinha de domingo

Praça Garibaldi e feirinha de domingo 

No primeiro dia, nos afastamos do centro da cidade e pegamos o ônibus N2, em direção a Cimiez, com destino ao Museu Matisse.

Pegar ônibus em Nice foi super fácil. Cada ponto tem no alto os nomes de todas as linhas que passam por ali e a lista de todos os horários que o ônibus passa naquele ponto, com detalhamento de quais serão todas as paradas até o ponto final.

Chegando na parada final do ônibus, Arènes/Musée Matisse, você encontra uma espécie de parque onde pode acessar não apenas o Museu Matisse como também o Museu Arqueológico, com escavações antiquíssimas e os jardins do Monastério de Cimiez, que possui oliveiras centenárias e uma vista linda da cidade.

Se você for como nós, que seguimos os sábios conselhos do VCP e evitam viajar na alta temporada, pode ir para Nice em maio, quando ocorre a festa de maio, chamada de “La fête des Mai”, bem no Parque des Arènes.
Chegamos lá num domingo e estava rolando um festival com músicas medievais, bailes, comidas, feirinha e brincadeiras.

Quem não está a fim de gastar dinheiro nas barraquinhas de comida simplesmente faz um piquenique com as coisas que leva de casa. Vimos a galera levando lanches, bebidas, churrasqueiras, toalhas e até mesas e cadeiras de armar!

As famílias vão completas, desde o bebezinho até a vovó e também levam suas bicicletas, bolas, raquetes e tudo mais.

A festa de maio em Nice é uma ótima forma de aproveitar mais da cultura local gastando pouco, já que você pode levar sua própria comida, a entrada é grátis e você só vai gastar com o ônibus, que por sinal estava cheio de gente indo pra lá aproveitar a festa.

Museu Matisse

Museu Matisse

Nós passeamos pelo festival e fomos visitar o Museu Matisse, que é muito bacana e explica mais sobre a vida do artista.

Todos os museus municipais de Nice têm um preço único, 10 euros por pessoa (ingresso inteiro de adulto com idade superior a 23 anos, válido por 48 horas). Então, gastando 10 euros + o preço do busão (1,50 euros), pudemos visitar 2 dos 15 museus municipais de Nice em um dia só.

Achei super em conta e aproveitamos mais no dia seguinte! Veja mais informações aqui.

Como a cidade é bem segura, a vista é muito bonita e o dia estava super agradável para uma caminhada, descemos à pé do Museu Matisse e fomos para o Museu Nacional Marc Chagall. Ele tem um preço mais alto, 15 euros, e não está incluso na lista de museus municipais, porém foi o museu que mais amei ter conhecido em Nice.

O prédio e as instalações foram idealizadas pelo próprio Marc Chagall, que, além dos quadros maravilhosos, ainda fez um mural de mosaico e dois vitrais lindos. O ingresso dá direito a um áudio guia muito bacana e completo, que explica o que foi pintado, em que época, por qual motivação e onde foi exposto. É um mergulho incrível na vida e na obra do Marc Chagall.

Museu Chagall

Saímos de lá maravilhados e continuamos nossa caminhada colina abaixo para o centro da cidade. Durou menos de 20 minutos, contando as pausas para fotos.

Resolvemos conhecer os museus mais importantes no domingo porque em Nice a maioria fecha segunda ou terça, então é bom conferir os horários para aproveitar ao máximo seu ingresso.

Depois de tudo isso, já estávamos bem cansados. Como nossa casa ficava bem na Praça Garibaldi ao lado de um ótimo supermercado francês (vale a pena conferir este post sobre a culinária francesa aqui do VCP), acabamos comprando vinhos, queijos, embutidos e pães e ficamos por ali mesmo, apreciando a vista e poupando energias para o dia seguinte.

Eu acho que vale muito a pena comer “em casa” quando se viaja pela Europa e quer economizar.
Os supermercados europeus (sobretudo os da França, na minha opinião), têm muita coisa boa e diferente do Brasil para comer. O melhor de tudo é que quase sempre essas coisas são muito melhores e mais baratas do que por aqui.

Dia 2 em Nice

No segundo dia, acordamos bem cedo e fomos aproveitar o Museu de Arte Contemporânea, ao lado da Praça Garibaldi, que tem um mirante no topo com uma vista linda do centro da cidade.

Saindo de lá, caminhamos em direção ao Porto de Nice, que nem parece muito com um porto, de tão pequeno que é, mas está repleto de barcos e veleiros dos ricos e famosos da França e de toda a Europa.

Depois, andamos até a ponta da praia, chamada de Pointe Rauba-Capeu. Bem ali na “esquina” tem um grande monumento de mármore, cravado na colina, em homenagem aos cidadãos de Nice mortos na primeira guerra mundial.

Neste ponto, tínhamos duas escolhas, ou andar pela beira da praia até a Promenade des Anglais, ou continuar nosso roteiro cultural e subir a colina do Château. Já sabe o que fizemos, né?

Pointe Rauba-Capeu

Em vez de subir direto, entramos para a cidade velha por um pórtico na Cours Saleya, uma rua de pedestres que abriga o Marché des Fleurs e um mercado de antiguidades, com barraquinhas no meio de rua e restaurantes dos dois lados, que fica cheia no final da tarde – lembra um pouco a feira da Benedito Calixto, para quem é de São Paulo, mas muito mais gostosa de caminhar, sem os carros rodando em volta e com uma arquitetura de cair o queixo!

Andando reto nessa rua, paralela à praia, você vê alguns dos prédios mais bonitos e antigos de Nice, como a Ópera de Côte D’Azur. Viramos à direita na rue de l’Opéra e chegamos à Fontaine du Soleil.

Nessa hora eu ainda não sabia que Nice já tinha sido uma cidade da Itália e fiquei bem confusa, porque me senti transportada para lá, por conta da arquitetura dos prédios, a fonte monumental, os gelatos, o clima… Foi mágico!

Fontaine du Soleil

Place massena

Andamos por ali e vimos que a “continuação” da praça tinha uns mastros com estátuas de uns budas… Era a famosa Place Massena!

Olhando no mapa você vê que ela é um pedaço da maior praça de Nice e se estende desde a praia até o Museu de Arte Contemporânea. Como estávamos por ali num fim de semana prolongado por um feriado, vimos muitas famílias, com crianças brincando na fonte da praça, nos parquinhos e muitos cachorros fofos.

É por ali que fica uma das oficinas de turismo da cidade – a outra fica ao lado da Gare, a estação de trem. Um passeio que fizemos no outro dia foi andar da Promenade des Arts (ao lado da Place Massena) pelo Boulevard Carabacel (uma rua só de pedestres e tram, que está repleta de lojas chiques e cafés) até a Gare.

Na volta, andamos no meio do bairro, que não se parece em nada com a Nice das fotos: um misto de turcos, árabes, libaneses, chineses, coreanos, uma região cheia de pequenos restaurantes e aromas sedutores. Nós só fizemos esse passeio para ter informações sobre a greve dos transportes que estava rolando na França, mas eu queria ter mais tempo para passear por ali.

Saindo um pouco do eixo Boulevard Carabacel – Place Massena

Resolvemos voltar à cidade velha de Nice. Fomos conhecer a Rue Droite (rua Direita), que reúne a maior quantidade de prédios de arquitetura barroca da cidade, além do Palais Lascaris, que foi a residência de uma família muito rica e hoje abriga um pequeno museu que também está incluso no ingresso dos museus municipais.

Nessa mesma rua existem muitos restaurantes ótimos que valem a pena o investimento, mas estão tão escondidinhos que é fácil passar por eles sem nem ver e acabar comendo num dos kebabs da cidade – que também são bons e bem mais baratos. 😉

Rua Droite

Walking Tour

Por toda a cidade velha existem plaquinhas para turistas com roteiros que podem ser seguidos para um walking tour autônomo e grátis, sem a necessidade de dar gorjeta pra ninguém no final.

Com a ajuda do mapa offline e as explicações sobre a história de cada lugar que tínhamos do app Triposo Nice, rodamos um pouquinho por ali antes de decidir subir a colina até o mirante do topo. Existe um elevador que te leva até o topo de graça, mas aí não conheceríamos metade!

A subida da colina até o antigo castelo de Nice (hoje só sobraram ruínas) é bem tranquila, apesar de termos nos assustado um pouco com as escadarias do começo. Você vai subindo, seguindo as plaquinhas e quando acha que está chegando lá, tem uma cachoeira linda no meio do caminho, com uma vista da cidade que é linda, mas você ainda não está lá! Continue subindo para a vista mais bonita da cidade.

Vale cada passo!

Colina do Château

Piquenique

Como eu já disse aqui algumas vezes, nosso objetivo era viajar com pouco pela Europa, então para economizar com o restaurante e aproveitar um pouco mais o clima da cidade, nós compramos um vinho no supermercado e o levamos para a praia, onde fizemos um piquenique ao pôr-do-sol.

Já era quase 22h quando o sol estava tocando a linha do horizonte e nós estávamos acabando nosso piquenique que tinha basicamente vinho e umas bolachinhas salgadas, o que quer dizer que estávamos morrendo de fome!

Mas o que acontece numa noite de segunda-feira em Nice? Quase todos os restaurantes param de aceitar novos clientes às 22h. Mas nossos amigos dos kebabs não fazem essa discriminação.

Ponto para a economia do nosso orçamento! 😀

Praia de Nice

Bônus: um dia em Vence e Saint-Paul-de-Vence

Nosso voo saía do aeroporto de Nice só no final da tarde, mas tínhamos que deixar nosso apê – que alugamos pelo Airbnb – às 10h da manhã.

Como já tínhamos conhecido os principais museus e pontos turísticos da cidade e queríamos fazer uma viagem cultural, pegamos um ônibus no Jardin Albert 1er e fomos para Vence, conhecer a famosa Capela do Rosário, projetada inteiramente por Matisse.

Capela do Rosário

Capela do Rosário

A história dessa capela é bem interessante: Matisse já estava velhinho e com dificuldades de locomoção, quando colocou no jornal de Nice um anúncio procurando uma enfermeira jovem e bonita para ajudá-lo no atelier que mantinha no Hotel Regina, em Cimiez.

Quem respondeu o anúncio foi uma freira, que já tinha trabalhado como enfermeira e era do pequeno vilarejo de Vence, a poucos quilômetros de Nice. Ela contou a ele que o vilarejo ainda não tinha uma capela e perguntou se ele poderia ajudar com os vitrais. Visitando o lugar, Matisse decidiu fazer a capela toda, os vitrais, o altar, a nave e os desenhos que mostram a Paixão de Cristo.

A forma como a luz do começo e fim do dia bate nos vitrais e ilumina toda a capela é mágica!
Matisse disse que essa era sua obra-prima, sob protestos de Picasso, com quem convivia na época.

A gente já viu muito museu, já olhou pra muito quadro, filme, escultura e afrescos por aí, mas entrar na obra-prima de um artista é algo único. O passeio custou 4,50 euros por pessoa, entre ingresso de ônibus e entrada na capela.

Saint-Paul-de-Vence

Como tínhamos apenas um dia e Vence é bem pequena mesmo, pegamos o ônibus com sentido a Nice e paramos em Saint-Paul-de-Vence, onde existe uma pequena cidade medieval, com aquelas ruazinhas estreitas de pedra e casinhas fofas que nós amamos ver.

Pertinho da parada de ônibus que te deixa em frente ao centro histórico de Saint-Paul-de-Vence, existe um lugar incrível, que vale a pena visitar. Subimos uma colina puxada (lembra que deixamos Nice com as nossas malas?) e chegamos à Fondation Maeght.

Fondation Maeght

O ingresso não é barato (15 euros), mas a organização é muito boa e honesta – como uma das salas estava fechada para a montagem de uma nova exposição, nos deram desconto de 3 euros no ingresso. Sei que é pouco, mas já vale um kebab, olha só!

Voltando à Fondation Maeght, quando você chega lá, já entra num jardim de esculturas incrível, cheio de obras do Miró. O interior do museu tem quadros de Braque, Léger, Kandinsky, Chagall, Bonnard… É um prato cheio para os amantes de arte e poucas pessoas vão até lá, então você pode ver tudo com a maior calma do mundo.

Dali, voltamos correndo para o aeroporto. O maravilhoso sistema de transporte público de Nice nos levou a todos os lados por módicos 1,50 euros por passagem e nos deixou bem na porta do aeroporto Nice-Côte D’Azur.

Maio costuma ser um mês de greves no sistema de transporte público, o que fez atrasar nossa chegada na Capela do Rosário e abreviar nossos passeios em Saint-Paul-de-Vence, porque tínhamos medo de perder nosso avião, mas no fim deu tudo certo!

Nosso próximo destino foi Bordeaux, a terra dos vinhos franceses mais famosos. Se quiser saber como foi, continue acompanhando nossa viagem low-cost pela França, aqui no Viajar com Pouco, que em breve tem roteiro novo! 🙂

Texto por Laís Domeneghetti


E aí, deu uma vontade enorme de conhecer Nice, não deu?
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