Nossa, mas você vai viajar sozinha? E se te assaltarem? E se te roubarem? E se te matarem? …. São tantos “e se” ruins que se a gente for considerar todos, não sairemos de casa nunca mais, ainda mais para viajar sozinha.
A primeira vez que decidir viajar sozinha foi no Brasil mesmo.
Minha avó mora pertinho de Ouro Preto e por mais que eu sempre pedisse para meu pai parar o carro lá, a pressa para chegar em casa era maior e ele nunca parava.
Então em uma dessas viagens de família aproveitei as férias e dei uma esticadinha até Ouro Preto.
Me perdi? Sim. Tive que falar com pessoas desconhecidas? Pra caramba! E agradeço até hoje os mineiros e mineiras que me ajudaram a chegar no hostel e a voltar com facilidade para a casa em São Paulo. Foi tudo tão gratificante!
Em Ouro Preto conheci duas mulheres, em pouco tempo já éramos três mulheres mais quatro caras. Rapidamente formamos um grupo enorme e logo já não estava mais sozinha, sempre tinha alguém que topava fazer algum passeio e assim foi minha viagem em Ouro Preto, libertadora!
Segunda viagem sozinha
Em 2014, um pouco antes de começar no novo trabalho, decidi viajar sozinha novamente. Desta vez fui para fora do Brasil, fui para Buenos Aires. Essa foi uma aventura e tanto! Meus pais ficaram preocupados, mas eu já tinha comprado a passagem e aquela era A Oportunidade. Como estava em abril, entre uma terça e uma sexta, todos os meus amigos estavam trabalhando. Eu deixaria essa oportunidade passar? Não mesmo!
Peguei a mochila e fui! E, como foi tudo bem planejado, consegui fazer tudo sozinha, consegui pegar um avião, passar na imigração em espanhol mesmo, pegar um taxi, me hospedar, andar pela cidade de metrô, tudo sozinha! Hoje isso pode parecer comum para você, assim como é para mim, mas na hora eu pensei que tudo fosse dar errado, e na verdade algumas coisas deram mesmo, mas o importante é que consegui improvisar e me virar.
Consegui ir e voltar e isso me deu um poder que eu não sabia que existia dentro de mim. Se eu consegui ir até lá sozinha, consigo ir para qualquer lugar e não preciso depender de ter alguém do meu lado para conseguir viajar e conhecer pessoas e lugares novos.
Eu concordo que ficar sozinha não é bom, eu realmente acho chato ir para algum lugar, conhecer um monte coisa legal e história e no fim não ter com quem compartilhar. Mas isso logo é resolvido com um pouco de desinibição e interesse em conhecer outra pessoa, que também pode estar viajando sozinha e louca para compartilhar experiências com mais alguém.
Viajar sozinha nunca significará estar sozinha! A não ser que você queira isso.
Tabu
Existe um tabu muito forte com mulheres que viajam sozinhas, ainda bem que isso tem diminuído pouco a pouco. Cada vez mais, mais mulheres têm desencanado de ficar esperando alguém ter disponibilidade para acompanhá-las.
Todas nós podemos viajar sozinhas e podemos lutar a favor da nossa liberdade, mas a melhor forma de lutar não é se arriscando, temos que tomar certos cuidados principalmente com nossa segurança. Então pesquise bastante sobre o seu destino, conheça os costumes, pergunte para pessoas que já foram para lá como é. Informe-se bastante sobre como é viajar sozinha para o lugar que quer conhecer.
Você pode e deve ter essa experiência! Para mostrar que minha experiência não é um ponto fora da curva, convidamos algumas mulheres que viajam sozinhas para compartilhar as suas experiências e assim te inspirar a se jogar na estrada.
Elas decidiram: “vou fazer a mala e viajar sozinha!”
Camila Vecino
“Viajei sozinha para a cidade de El Calafate, na Patagônia durante 10 dias. Nunca tinha saído do país, não tinha nenhuma reserva de dinheiro, mas existia um sonho: conhecer os Glaciares da Patagônia.
Antes mesmo de chegar lá, eu já pensava: “eu sozinha, num país desconhecido, falado medianamente a língua deles e ser mulher… seria uma boa ideia?“. Esses eram meus grandes medos, mas eu jamais deixaria qualquer desses fatores me fazer desistir, mesmo com o pavor de avião.
Tive medo de perder a mala, de ser roubada nas 13h que fiquei aguardando conexão dentro do aeroporto, medo de me perder, mas nada disso fez sentido quando de fato eu cheguei ao meu destino.
Tudo que eu mais queria era uma paisagem deslumbrante, quando no fim era muito mais que isso, era surreal, foi algo que eu nunca imaginei presenciar, do aeroporto ao Hostel, nos passeios com grupos turísticos, nos passeios de bicicleta sozinha, andando a pé….
Não importava, o lago Argentino, a Cordilheira dos Andes cheia de Neve, a cidade desértica, a neve, os Glaciares, a vista do Hostel, tudo era muito melhor que minhas expectativas.
Durante os 10 dias, eu fiz amigos de vários países, mas sempre tirava um espaço para continuar sozinha, porque a viagem me fez sentir um amor e uma liberdade tão grande, que nada na vida poderia ensinar, estar ali era um alívio e uma sensação de como podemos ser fortes, felizes e como conquistamos qualquer coisa que quisermos.
Eu com 22 anos, brasileira, mulher e sozinha aprendi que essas características que possuo jamais será um TABU para ir atrás do que eu quero. Porque aquela frase clichê é muito real e cheia de sentimentos:
“Todos devem viajar sozinhos na vida, pelo menos uma vez”!”
Aline Gouveia
“Nunca me encaixei na noite paulistana e não tinha amigos amantes da natureza, então decidi fazer meu rolê sozinha.
Comecei viajando para uma praia próxima, a Prainha Branca, no Guarujá. Fiquei lá por 5 dias.
Eu fui bem empolgada, mas nada planejada. Viajei com poucas peças de roupas, apenas 1 biquíni e R$ 200,00 no bolso, ou seja, todos os imprevistos possíveis, mas me joguei.
Chegando lá me hospedei num quartinho extra de uma moradora local que cobrou um preço simbólico, no quintal dela funciona um “camping adaptado” como ela mesma definiu anos atrás.
Através desses moradores locais, eu conheci outros moradores que forneciam serviços além daquele da beira da praia e através desse contato conheci mais e mais pessoas, todos moradores de lá ou frequentadores assíduos.
Bom, são amizades que mantenho até hoje e nesta viagem descobri que o mundo é todo nosso, eu aprendi que mesmo se ninguém apreciar esse rolê, eu posso sentir todo o sabor que uma viagem traz sozinha. Após essa viagem fui para o RJ, Fortaleza e outras praias do litoral sul também sozinha.
Ainda tenho planos de ir para conhecer mais e mais lugares, porque viajar é alimento para alma, é o que nos faz de verdade amadurecer e enxergar o mundo de uma forma mais justa, é se abrir para personalidades totalmente opostas à sua e adorar.”
Litcia Orellana
Como bom espírito de ariana, amo viajar, e se estiver em um momento em que quero/preciso estar sozinha, melhor ainda.
A primeira vez que viajei sozinha foi para Curitiba, na época queria ver uma exposição específica, e os dias que passei lá, nenhum deles estive realmente sozinha. A começar pelo hostel que fiquei, onde conheci pessoas inspiradoras, a amigos de amigos (mera coincidência, ou não). Com direito a meeting do Couchsurfing, e passeio inesperado no dia seguinte. Foram lindos 4 dias.
Já a última experiência viajando sozinha, tem poucos meses. Eu realmente precisava estar sozinha. Decidi em uma semana pra onde iria, e na outra comprei o bilhete (fiz um trabalho inesperado, tanto quanto o planejamento da viagem, o que fez que sobrasse uma grana pra viajar).
Foram 25 dias (partindo no dia 24 de dezembro, porque eu realmente queria estar apenas comigo mesma), em que dividi pelas cidades de Paris/FR, Düsseldorf e Mülheim an der Ruhr/DE, Lisboa/PT e Madri/ES.
Por mais que em alguns lugares houvesse pessoas me esperando, outros não havia.
Sempre fico em quartos coletivos/mistos, conheço pessoas em todos os lugares, porque por um lado penso que, a maioria está com o mesmo intuito, viajar, então o respeito é um item a ser levado na bagagem.
Dentro do meu lado aventureiro tenho o lado responsável, em que eu preciso cuidar de mim, então sigo a intuição e meu coração, e o lado racional aparece quando sinto que não estou numa situação muito confortável.
No fundo a gente aprende a confiar no olhar das pessoas, a acreditar que o humano pode sim ser confiável, às vezes pensar positivamente, atrai pessoas e situações positivas. E acho que meu maior medo e também algo que me instiga, é o de me perder, por mais bobinho que possa parecer me perder ainda é meu grande medo, mas nada como viajar e se encontrar de uma forma ou outra.
Barbara Casonato
“Sempre fui apaixonada pela estrada e sempre quis saber, “se eu colocar os meus pés nela, até onde eu irei?”.
Então decidi largar tudo e morar 1 ano na Europa em um intercâmbio, no começo não foi fácil pois a distância de família e amigos foi estranha e dolorida, mas passa! Hoje sei que irei aproveitar ao máximo e conhecer lugares e pessoas que sempre quis.
Tenho certeza que serei uma pessoa totalmente diferente e mudada no final dessa jornada, mas é isso que me deixa mais intrigada e animada, pois sei que no final vai valer a pena cada segundo.”
Viu só como você também pode?
No princípio pode parecer estranho, mas você vai ver que essa aventura pode ser muito enriquecedora! É hora de se libertar e conhecer tudo o que esse mundão tem a oferecer.
Você já viajou ou tem vontade de viajar sozinha? Conte-nos sobre a sua experiência.